10 outubro, 2010

Em defesa da vida e nas entrelinhas regredindo anos e anos no processo democrático



Um dos temas mais citados nesse recém começado segundo turno é a afirmação generalista de defesa da vida. O que tem por trás desta assertiva? Bom, aqui, é nítido que se trata da defesa específica de ser contra o aborto, devido a confusos valores cristãos e morais.

Pois bem poderíamos dizer que ser em defesa da vida tange ser a favor de uma reforma agrária ampla e contra o latifúndio. Ser em defesa da vida poderia ser fávoravel a distribuição irrestrita e ampla das riquezas, a oportunidade de conhecimento igual a todos. Pois bem, isso também é óbvio, e acaba por nos colocar no campo da retórica.

Cada um usará a defesa da vida em defesa dos seus interesses de vida. E cada classe usará sua defesa de vida, como a defesa de via de sua própria classe.

Isso é sabido.

Porém, todavia, entretanto o que se coloca nesse pleito é a regressão de anos e anos de um debate difícil e necessário que tem ser feito. O direito da escolha da mulher a decidir sobre teu próprio corpo e sobre seu próprio destino. A questão colocada sobre o aborto, além de ser uma questão de saúde pública e um fato real, é um questão que se relaciona diretamente com o papel da mulher da sociedade capitalista. Vista como propriedade, como ventre, como indispensável na divisão do trabalho por ocupar trabalhos de mulher, é ainda complexo para nossa sociedade pensar além das missas e cultos dominicais.

A luta pela legalização do aborto está historicamente associada ao combate em torno do das liberdades democráticas, à tradição do movimento dos trabalhadores e trabalhadoras. O controle do corpo, da sexualidade e da reprodução pertence exclusivamente às mulheres. Negar este direito é mantê-las como “pessoas de 2ª categoria”, cuja sexualidade tem como finalidade apenas a reprodução.

Há de garantir o debate sobre o direito de cada mulher decidir sobre o seu próprio corpo a partir de suas próprias crenças, princípios, motivos, de acordo com as suas condições. Sem ser obrigada a seguir o que diz qualquer instituição ou religião. Que se debata uma legislação a qual permita à mulher exercer o seu direito de escolha, e ofereça condições clínicas e de menores riscos para aquelas na iminência de recorrer a um aborto.

O aborto clandestino põe em risco a vida e o futuro reprodutivo da mulher. Cerca de 250 mil são internadas anualmente por complicações associadas ao abortamento clandestino, a maioria adolescentes. E são as trabalhadoras e a juventude da periferia que mais sofrem com essa situação.

Em defesa da vida!

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