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Devaneio total sobre Botafogo Futebol e Regatas, Leon Trotsky e Trotskismo
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parte final
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Sob o manto alvinegro começava a ver que todos os elementos referentes ao time da Estrela Solitária faziam um imenso sentido. Passava a entender que nada mais metafórico do que entender a força motriz da sociedade – a luta de classes – a partir da dicotomia do preto e do branco. Por mais que existam outras cores, outras classes, outras incríveis subdivisões chegamos quase sempre a disputa inconciliável do preto e do branco, do proletariado e da burguesia, a uma dicotomia - que alguns chamam mediocremente de mecânica – mais isso não passa pela opção marxiana, mas sim é imposta pela lógica colocada nesse sistema da propriedade privada dos meios de produção. Todas as cores, todas as classes vão se resumir na conjunção destas ou na ausência das mesmas: no preto e no branco.
E como explicar a tal estrela que ficava ali única, centrada no distintivo? Única como a saída apontada pelos bolcheviques. Única como a capacidade dos trotskistas de serem os únicos a levarem o movimento de massas à vitória perpassando os obstáculos dos aparelhos. A estrela desse modo representa a vitória das massas e única já que não cabe a tradição bolchevique aceitar as saídas generalistas de que outro mundo é possível, como se as opções fosse variadas. Para nós a situação está dada: ou socialismo ou barbárie. A saída é única e não nos cabe colocar uma cortina de fumaça sobre esta verdade inexorável. A estrela brilha sozinha, pois somente a vitória será plena com a revolução proletária mundial e a expropriação da propriedade privada dos meios de produção. Não é certo jogar pela confusão, é sempre mais revolucionário expor a verdade aos oprimidos, abrir-lhes o caminho da revolução.
Começava a transpor o terreno enlameado das hesitações e sentia que as certezas eram cada vez mais claras. O que pensar quando recordava que o maior entre todos aqueles que atuaram pela esquerda vestiu somente o preto e branco. A atuação dos heróis de Petrogrado residia naquela experiência. Reparem: Nilton Santos não aceitava que ele, enquanto responsável da ala esquerda, aceitasse passivamente o desenrolar do jogo se limitando a defender. Eis que um dia realizara movimento antes nunca observado: foi ao ataque. Era simplesmente uma mudança total daqueles que atuavam naquela posição canhota. O ataque era inimaginável e exclusivo dos que atuavam pelo centro, em um jogo quase sempre burocrático. Nilton negava esta premissa e começava a mostrar a todos que pela esquerda existia uma saída aberta para o ataque. Uma saída rápida contundente e que penetrava com êxito na defesa adversária. Ousaria alguém apontar uma única diferença entre tal prática e os bolcheviques nas jornadas de outubro?
Meus sentimentos iam se acalmando de forma espontânea a cada conexão finalizada. Era um movimento quase mágico que se desenvolvia e me trazia de novo para minha total existência. O que dizer então do fogo, elemento crucial para a dominação do homem sobre a natureza, elemento transformador da categoria principal da análise marxista: o trabalho. O que pensar quando recordamos que a primeira taça do clube de General Severiano era erguida em 1904 no mesmo momento em que os bolcheviques se preparavam para o movimento de 1905 – preâmbulo indispensável para 17. Separados por mares e quilômetros se levantavam para o mundo de forma quase simultânea.
Assim foram se erguendo, como vanguarda de dois movimentos. Em suas fileiras sempre os elementos mais destacados, não toda a massa. Não nos colocamos diluídos no movimento de massas. Dialogamos de forma permanente com todos guardando nossa independência e nossos princípios. Fazemos parte daqueles que se convencem através da experiência e não um grande contingente de massas disperso. Não há registro algum de um individuo que tenha nascido bolchevique. A opção política não é genética, inerente ao destino ou qualquer outra forma transcendental: é uma opção voluntária, uma opção material. É através da experiência política que as pessoas escolhem uma saída e lutar por ela. É dessa forma que elas escolhem o Bolchevismo. E não é em nada diferente com nossas outras escolhas. Nascemos vítima de um senso comum, do fatalismo avassalador da sociedade contemporânea, lançados em uma câmera hermética de opções dadas. Cristãos, monogâmicos, consumidores de Coca Cola, admiradores do samba da verde e rosa, defensores de uma moral familiar onipresente. E quem acha que tal fatalismo não recai sobre nossas opções desportivas? Seria ignorância plena recusar tal enunciado.
Devaneio total sobre Botafogo Futebol e Regatas, Leon Trotsky e Trotskismo
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Sob o manto alvinegro começava a ver que todos os elementos referentes ao time da Estrela Solitária faziam um imenso sentido. Passava a entender que nada mais metafórico do que entender a força motriz da sociedade – a luta de classes – a partir da dicotomia do preto e do branco. Por mais que existam outras cores, outras classes, outras incríveis subdivisões chegamos quase sempre a disputa inconciliável do preto e do branco, do proletariado e da burguesia, a uma dicotomia - que alguns chamam mediocremente de mecânica – mais isso não passa pela opção marxiana, mas sim é imposta pela lógica colocada nesse sistema da propriedade privada dos meios de produção. Todas as cores, todas as classes vão se resumir na conjunção destas ou na ausência das mesmas: no preto e no branco.
E como explicar a tal estrela que ficava ali única, centrada no distintivo? Única como a saída apontada pelos bolcheviques. Única como a capacidade dos trotskistas de serem os únicos a levarem o movimento de massas à vitória perpassando os obstáculos dos aparelhos. A estrela desse modo representa a vitória das massas e única já que não cabe a tradição bolchevique aceitar as saídas generalistas de que outro mundo é possível, como se as opções fosse variadas. Para nós a situação está dada: ou socialismo ou barbárie. A saída é única e não nos cabe colocar uma cortina de fumaça sobre esta verdade inexorável. A estrela brilha sozinha, pois somente a vitória será plena com a revolução proletária mundial e a expropriação da propriedade privada dos meios de produção. Não é certo jogar pela confusão, é sempre mais revolucionário expor a verdade aos oprimidos, abrir-lhes o caminho da revolução.
Começava a transpor o terreno enlameado das hesitações e sentia que as certezas eram cada vez mais claras. O que pensar quando recordava que o maior entre todos aqueles que atuaram pela esquerda vestiu somente o preto e branco. A atuação dos heróis de Petrogrado residia naquela experiência. Reparem: Nilton Santos não aceitava que ele, enquanto responsável da ala esquerda, aceitasse passivamente o desenrolar do jogo se limitando a defender. Eis que um dia realizara movimento antes nunca observado: foi ao ataque. Era simplesmente uma mudança total daqueles que atuavam naquela posição canhota. O ataque era inimaginável e exclusivo dos que atuavam pelo centro, em um jogo quase sempre burocrático. Nilton negava esta premissa e começava a mostrar a todos que pela esquerda existia uma saída aberta para o ataque. Uma saída rápida contundente e que penetrava com êxito na defesa adversária. Ousaria alguém apontar uma única diferença entre tal prática e os bolcheviques nas jornadas de outubro?
Meus sentimentos iam se acalmando de forma espontânea a cada conexão finalizada. Era um movimento quase mágico que se desenvolvia e me trazia de novo para minha total existência. O que dizer então do fogo, elemento crucial para a dominação do homem sobre a natureza, elemento transformador da categoria principal da análise marxista: o trabalho. O que pensar quando recordamos que a primeira taça do clube de General Severiano era erguida em 1904 no mesmo momento em que os bolcheviques se preparavam para o movimento de 1905 – preâmbulo indispensável para 17. Separados por mares e quilômetros se levantavam para o mundo de forma quase simultânea.
Assim foram se erguendo, como vanguarda de dois movimentos. Em suas fileiras sempre os elementos mais destacados, não toda a massa. Não nos colocamos diluídos no movimento de massas. Dialogamos de forma permanente com todos guardando nossa independência e nossos princípios. Fazemos parte daqueles que se convencem através da experiência e não um grande contingente de massas disperso. Não há registro algum de um individuo que tenha nascido bolchevique. A opção política não é genética, inerente ao destino ou qualquer outra forma transcendental: é uma opção voluntária, uma opção material. É através da experiência política que as pessoas escolhem uma saída e lutar por ela. É dessa forma que elas escolhem o Bolchevismo. E não é em nada diferente com nossas outras escolhas. Nascemos vítima de um senso comum, do fatalismo avassalador da sociedade contemporânea, lançados em uma câmera hermética de opções dadas. Cristãos, monogâmicos, consumidores de Coca Cola, admiradores do samba da verde e rosa, defensores de uma moral familiar onipresente. E quem acha que tal fatalismo não recai sobre nossas opções desportivas? Seria ignorância plena recusar tal enunciado.
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