01 novembro, 2009

D 20 ao Caveirão – Recebam o Estado!

Faz um certo tempo que escrevi esse texto com intuito de ajustar a métrica e fazer um rap com ele.
Depois de ler algunn textos sobre a violência no Rio, sobre as não raras revoltas populares e para tentar mostar ao GOG e ao Moacyr Luz (dois grandes artistas que admiro e que agora tenho um certo contato graças ao twitter!) resolvi postá-lo.

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D 20 ao Caveirão – Recebam o Estado!


Mãos ao alto!
De D-20 ao Caveirão!
Recebam o Estado!
Seu Instrumento de Opressão!

Há muito tempo que se vê o Estado nas vielas
Becos, ruas e favelas
Basta olhar abra a janela
Lá estão eles de sentinela
Ninguém mais se surpreende com esta real novela
Entre fracos, feridos e banguelas,
Grandes Escudos, Fuzis, Metralhadoras, não há trela
Dona Ana em sua casa acende mais um vela
Não quer se arriscar.. sair de casa ir até a capela
Abaixar de traçantes, rajadas, se esconder sob a passarela
Da ultima vez sofreu bastante, aquilo não é vida pra ela
Sua neta, alvo de bala de perdida e carrega ate hoje a seqüela
Presa numa cadeira de rodas, furaram sua costela
E Onde esta o Estado, e sua tutela?
Esquece! Só oferecem a policia, educação e segurança é pura balela
Posto de Saúde? É bom se contentar com as dicas do Dr. Dráuzio Varella
Seus direitos constitucionais? Cancela!
A realidade que aqui se vê nada de tem de bela
Pobreza, miséria, não são temas de nenhum vernissage, de nenhuma tela
Quadro pintado com poucas cores, sem as opções da mais infantil aquarela
Mundos que se parecem... Iraque, África, Haiti e Linha Amarela
Nada de conto de fadas, príncipe e princesas, vida de Cinderela
Só de for a parte que limpa o chão e aria panela
Vida difícil, vida de cachorro, no caso: de cadela
Destino de Donzela, já era, agora é prisioneira da própria vida estilo Rapunzel
Lá de cima vê apenas Blindados, armas em punho, feitos troféu
Elementos dessa história feitas por vilões pior que o Gargamel
Lá vem eles na entrada principal fazendo um escarcéu
Sirene ligada... Estouram a escala de Decibel
Treinados com o dinheiro do povo... fazem até técnica de rapel
Faz de cada dia a dia, um tribunal e cada morador um réu
Sem chance de defesa, feito na terra de Fidel
Eles batem, matam, esculacham, pensam que o limite é o céu
Tiram o manto da neutralidade, da segurança, rasgam este véu
Cada um assume, desempenha e sabe muito bem o seu papel
Do lado dos opressores, dos senhores, pra quem tiram o chapéu
Acatam suas ordens mais rápidos do que qualquer versador de Cordel
Enquanto isso Dona Ana lidera um protesto, fogo em pneu, no sofá, no tonel
Uma senhora de 70 setenta anos morreu com um tiro na cabeça, seu nome: Isabel
Furo feito por uma arma de grosso calibre, fabricação de Israel
Colocam em uns muleques, pintam o quadro que querem, são os donos do pincel
Forjam a prisão de quatro negrinhos que ouviam Funk dentro um Corcel
Na verdade colaboram com o crime, uma parte da linha de um grande carretel
Suborno, propina, presentes CV, TCP, ADA atacam de Papai Noel
São faces da mesma moeda, fodem o povo, parceria cruel
Fingem que são inimigos, mas no fim de cada ano estão em lua de mel
tomam café em Paris, desfilam na Champ Elisé, fotos do alto da Torre Eifel
Políticos da Burguesia, Banqueiro, Traficantes de Armas, o Capitão e o Coronel
Passam pela Holanda, prostitutas famosas, visitam cada Bordel
Relacionamento firme, inabalável. Fiel!
Todos juntos depois passam pela Suíça para receber pela “paz” o prêmio Nobel
Dona Ana queria uma vida simples, nada de luxo, tecnologia, processador da Intel
Tipo fim de semana no parque com a família, roda gigante, ir no carrossel
Rir um pouco, fazer a vontade dos filhos.. comprar algodão doce, pastel
Que sua filha parasse de batalhar a grana de motel em motel
Se vendendo, se humilhando, para ajudar no fim do mês com aluguel
Oferecendo seu corpo nas ruas ou quando tem “sorte” em um nobre coquetel
Preço tão barato quanto se vende no fim de feira laranja a granel
Já passou a noite com todos os poderosos, membros do cartel,
O chefe da boca, a polícia, o senador, o Juiz.. é quem diria, até o Bacharel
Todos em paz entre si, muito diferente do clima entre Caim e Abel

Enquanto isso Dona Ana escuta o que eles avisam pelo radio, celular ou Nextel
Eles tão chegando... vai virar o inferno, torre de Babel!

Mãos ao alto!
De D-20 ao Caveirão!
Recebam o Estado!
Seu Instrumento de Opressão!

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